Texto 1
(...) As ideologias, por oposição ao mito, produto colectivo e colectivamente apropriado, servem interesses particulares que tendem a apresentar como interesses universais, comuns ao conjunto do grupo. A cultura dominante contribui para a integração real da classe dominante (assegurando uma comunicação imediata entre todos os seus membros e distinguindo-os das outras classes); para a integração fictícia da sociedade no seu conjunto, portanto, à desmobilização (falsa conciência) das classes dominadas; para a legitimação da ordem estabelecida por meio do estabelecimento das distinções (hierarquias) e para a legitimação dessas distinções. Este efeito ideológico, produ-lo a cultura dominante dissimulando a função de divisão na função de comunicação: a cultura que une (intermediário de comunicação) é também a cultura que separa (instrumento de distinção) e que legitima as distinções compelindo todas as culturas (designadas como subculturas) a definirem-se pela sua distância em relação à cultura dominante.
Bourdieu, P. (2001). O Poder Simbólico. Lisboa: Difel, pp. 10-11.
Texto 2
Bourdieu, P. (2001). O Poder Simbólico. Lisboa: Difel, pp. 10-11.
Texto 2
Por outro lado, considerámos a noção de civilização mundial como uma espécie de conceito limite, ou como uma maneira abreviada de designar um processo complexo. Porque, se a nossa demonstração é válida, não existe nem pode existir uma civilização mundial no sentido absoluto que damos a este termo, uma vez que a civilizaçãoimplica a coexistência de culturas que oferecem entre si a máxima diversidade e consiste mesmo nessa coexistência. A civilização mundial só poderia ser coligação, à escala mundial, de culturas que preservassem cada uma a sua originalidade.
Lévi-Strauss, C. (1980). Raça e História. Lisboa: Editorial Presença, pp. 88-89.
Texto 3
Texto 3
(...) Com efeito qualquer acção pedagógica (directiva ou não directiva) tende a impor aos membros dos grupos sociais dominados o reconhecimento da cultura dominante como cultura legítima, bem como da ilegitimidade do seu arbítrio cultural. Estando a eficácia da violência simbólica dependente do desconhecimento, por parte dos grupos socias dominados, da imposição de um arbítrio cultural dominante, é facilmemte compreensível que o mesmo seja inculcado com muito menor resistência desses grupos através de uma pedagogia não directiva (...).
Fernandes, J. (1987). A Escola e a Desigualdade Sexual. Lisboa: Livros Horizonte, p. 30.