domingo, outubro 01, 2006

PG-Gerontologia: programa de "Projecto"

1. Resumo
A disciplina de Projecto terá que adaptar-se à situação particular dos formandos. No caso de se tratar de pessoas que desenvolvam a sua actividade profissional no âmbito do trabalho com a terceira idade, faz sentido que elaborem um Projecto tendo em vista a melhoria dos serviços prestados, das suas próprias práticas profissionais, etc. No entanto, poderá acontecer que os formandos não tenham tido qualquer contacto com esta população e, nesta situação, fará todo o sentido a realização de Práticas: os formandos integrar-se-ão numa instituição ou numa comunidade em que se desenvolva qualquer tipo de trabalho com idosos, tentando atingir os objectivos que se estabeleçam, respeitando o tipo de actividade e planificação da instituição que os acolherá. Num caso e no outro, esta disciplina pretende fornecer aos formandos uma série de instrumentos que poderão utilizar nas situações mencionadas.

2. Objectivos Gerais
Conhecer as características e problemas específicos que fazem parte da realidade das instituições que trabalham com idosos, ou realizar diagnósticos respeitantes à situação particulares de idosos ou grupos de idosos, institucionalizados ou não.
Integrar conhecimentos e competências ganhos durante a pós-graduação, no sentido de procurar soluções que possam melhorar quer o trabalho realizado pelas instituições que trabalham com idosos, quer a qualidade de vida dos próprios idosos.
Aplicar conceitos fundamentais de planificação, desenvolvimento e avaliação de projectos sociais, na formulação de projectos de intervenção social com idosos.
3. Competências a Desenvolver
3.1. Competências instrumentais:
Caracterizar realidades sociais (meios, grupos, instituições, etc.)
Utilizar metodologias e técnicas de intervenção sociais
Diagnosticar problemáticas inerentes aos idosos
Conhecer e utilizar redes sociais de apoio
Conceber, desenvolver e avaliar projectos de intervenção com idosos
Articular saberes de diferentes áreas disciplinares tendo em vista os objectivos definidos
3.2. Competências interpessoais:
Ter pensamento crítico e reflexivo
Aceitar e valorizar a diversidade
Integrar-se em equipas de trabalho pluridisciplinares
Gerir conflitos, quer a nível institucional, quer ao nível das populações-alvo
Respeitar a participação das populações
3.3. Competências sistémicas:
Liderar equipas de trabalho
Projectar no tempo, a médio e longo prazo, estratégias sustentáveis de trabalho social com idosos
Aplicar estratégias facilitadoras de uma prática que seja adequada aos contextos, necessidades, populações, ritmos, etc.
Capacidade para operacionalizar tomadas de decisão, mobilizando meios, recursos e conhecimentos para atingir as finalidades planeadas.

4. Conteúdos
4.1. Metodologia de Projecto:
4.1.1. Do conceito ao paradigma do projecto, como representação antecipadora do futuro
4.1.2. As demarches do projecto: planificação, enunciado e etapas de construção
4.1.3. Fases de planificação de projectos sociais
4.1.4. Exemplos de guias operativos para o desenho de projectos
4.2. Construção e Planeamento de um projecto social:
4.2.1. A importância de um diagnóstico fiável
4.2.2. Métodos e técnicas de diagnóstico
4.2.3. Estrutura de um projecto social
4.2.4. As parcerias num projecto social
4.3. A execução e o desenvolvimento de projectos sociais:
4.3.1. Etapas da aplicação de projectos
4.3.2. Gestão, realização, acompanhamento e controlo
4.3.3. Gestão social nas comunidades e instituições
4.4. A avaliação de projectos sociais
4.4.1. Conceitos básicos acerca das metodologias de avaliação
4.4.2. Definição e funções da avaliação
4.4.3. Tipos de avaliação segundo: quem faz a avaliação; momentos de aplicação da avaliação; a natureza do que é avaliado.
4.4.4. Modelos de avaliação

5. Estratégias
De acordo com as características da disciplina, privilegiar-se-á um conjunto de metodologias e estratégias que permitam estimular o desempenho autónomo e crítico de cada aluno e do sentido de grupo, e que estimularão a capacidade crítica do grupo-turma. Assim, será desenvolvido um trabalho teórico-prático com vista à auto-formação e interacção entre os vários grupos de trabalho: numa primeira fase da disciplina pretende-se que os formandos definam a problemática do projecto que irão realizar, aplicando métodos e técnicas de diagnóstico para chegar à formulação de um projecto (ou, se for esse o caso, que os formandos façam a sua integração numa instituição de forma a poderem definir algumas actividades a realizar no âmbito dessa instituição). Assim, nesta primeira fase haverá alguma exposição de conteúdos, debate e partilha grupal da situação concreta de cada formando.
Numa segunda fase pretende-se acompanhar o trabalho dos alunos, isto é, que os resultados da sua acção sejam trazidos para a sala, sendo partilhados com o resto do grupo, discutidos os problemas e soluções encontradas. Assim, poderá utilizar-se o trabalho de grupo, a comunicação aos colegas e o apoio aos grupos ou indivíduos para a consecução do trabalho proposto.

6. Tempo de trabalho e calendarização
A disciplina compreende 50 horas lectivas, que decorrerão em sistema de alternância sala-terreno. Cerca de 50% da carga horária será dedicada ao trabalho em sala, dando cumprimento aos conteúdos do programa, privilegiando, ainda, o trabalho de auto-formação do aluno, no seu local de trabalho ou na pesquisa de projecto. Os restantes 50% serão utilizados em trabalho de terreno, actividade prática de projecto a realizar pelos alunos individualmente ou em grupo, de acordo com as circunstâncias.

7. Avaliação
- Pequenos trabalhos realizados durante as aulas, reflexões, participação, desempenho (20%)
- Desempenho no Trabalho de Projecto/ Prática (30%)
- Relatório de Projecto / Relatório de Prática (50%)

8. Bibliografia

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Boutinet, J. P. (1996). Antropologia do Projecto. Lisboa: Instituto Piaget.
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Martinic, S. (1997). Diseño y Evaluación de Proyectos Sociales. Herramientas para el Aprendizaje. México: Comexani/Cejuv.
Merino Fernandez, J. (1997). Programas de Animación Sociocultural – Três Instrumentos para su Diseño y Evaluación. Madrid: Narcea.
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Pérez Serrano, G. (Coord.) (2000). Modelos de Investigación Cualitativa en Educación Social y Animación Sociocultural – Aplicaciones Prácticas. Madrid: Narcea.
Suarez, M. & Diéguez, A. (1995). Gestion Social en la Comunidad. Buenos Aires. Espacio Editorial.
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