A partir da opinião de vários autores, nas quais encontra pontos comuns, Badesa (1995, p. 81) constrói uma resposta à pergunta “Quem é o Animador Sóciocultural?”:
«O animador é uma pessoa com sensibilidade e capacitado para ser agente de desenvolvimento, que utiliza a relação pessoal e os contactos humanos implicando-se para uma melhor intervenção social»
Referindo-se à tipologia de animadores formados em vários países da Europa, a mesma autora defende que para se poder chamar alguém de animador deve considerar-se ser:
«Aquela pessoa que percebe ser necessária a criação de condições mais favoráveis para alcançar a realização humana. Seu papel de animador é encaminhado no sentido de conseguir que os membros do grupo conheçam, opinem e se esforcem por chegar a ser pessoas comunitárias»
O animador é uma pessoa e, como tal, deve conter em si determinadas qualidades humanas essenciais ao seu papel social no desenvolvimento das pessoas e das comunidades. Assim, o animador deve integrar e desenvolver um conjunto de capacidades, competências, atitudes e valores decisivos para a sua função profissional. Badesa destaca os valores, dado que
A pessoa é corpo, razão e afecto, singularidade, abertura e transcendência, e deseja para sua felicidade os valores corporais, intelectuais, afectivos, estéticos, individuais, morais, sociais, ecológicos, instrumentais e religiosos. (p. 157)
Principais áreas de conduta atitudinal dos animadores:
Dimensão Cognitiva Pessoal
Dimensão Afectiva
Dimensão Social e de Relação
Dimensão Moral
Dimensão Física
Síntese de Badesa
«O animador actual há-de saber estar com o grupo, como um deles, criando relações de amizade, confiança e diálogo. Da sua parte há-de saber distribuir as tarefas e responsabilidades que fazem crescer os componentes do grupo. Tem sentido social e concebe seu papel como ‘animador’ ou ‘facilitador’ criando um ambiente distendido e favorável ao trabalho. Esforça-se por conhecer as pessoas e trabalha como um dos elementos do grupo. Exerce um tipo de liderança distributiva, na qual as decisões não se tomam senão por consenso». (p. 183)
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Aula 11 Novembro
- Papel estruturante da animação na criação da “cultura do desenvolvimento” (Melo, 1991)
- O animador cultural como agente de desenvolvimento local
- Papel da tríade nas estratégias de desenvolvimento local (Azevedo, 1993):
i) Animadores locais
ii) Redes de cooperação
iii) Parcerias locais
- A animação e os animadores como estrategas desta tríade
- Educação como um processo em 'continuum' com diversos níveis de formalização educativa:
i) Nível formal: protótipo escolar;
ii) Nível não formal: construção de situações educativas em contextos específicos – Educação de adultos;
iii) Nível informal: todas as situações potencialmente educativas, mesmo que não conscientes ou não intencionadas.
- A ASC insere-se preferencialmente no nível informal, privilegiando mais os efeitos do que as intenções. Promove modalidades de auto-formação, eco-formação e heteroformação entre pares
Animação Sócio-cultural
ii) Corresponde a uma dimensão presente em todos os níveis de formalização da acção educativa, incluindo também as situações escolares
iii) Assenta que nem uma luva no nível informal da educação, no qual privilegia mais os resultados das aprendizagens do que as intenções programáticas da educação
Conclusão: Por isso, prioridade estratégica na educação veiculada pelos processos não-formais e informais.
Aula 4 Novembro
ASC e Contextos Educativos (Canário, 1999)
- A ASC é um campo fundamental da acção educativa:
i) Públicos muito diversos
ii) Áreas de actividade social muito diferentes
iii) Instituições especializadas
iv) Agentes profissionalizados
- A ASC tem impacto decisivo no domínio da educação de adultos:
i) Distanciamento crítico relativamente ao modelo escolar
ii) Perspectiva de processo largo de educação permanente
ASC como conjunto de práticas situadas nas margens da realidade escolar, muitas vezes eivada de basismo, activismo e voluntarismo (Besnard, 1985).
ASC como (Marzo & Figueras, 1990):
i) Modelo sólido e acabado de intervenção social;
ii) Conjunto de tecnologias de intervenção transversal, usadas por diferentes profissionais.
ASC como respostas educativas a necessidades sociais, individuais/colectivas, às quais as instituições educativas tradicionais não respondem adequadamente
A ASC no quadro das mutações sociais (Besnard, 1985)
i) Crescimento económico/urbanização, que obriga a fortes aparelhos educativos e culturais
ii) Massificação, a partir da industrialização, crescimento demográfico e urbanização, que originam anomias
iii) Envelhecimento demográfico e emergência de grupos sociais: mulheres, jovens, minorias, etc.
iv) Normalização social a contrariar
v) Aumento do tempo livre e resposta à civilização do lazer
Funções sociais da ASC (Besnard, 1985)
i) Adaptação e integração: socialização dos indivíduos
ii) Recreação: nem desorganização nem preguiça, mesmo nos tempos livres
iii) Educação paralela e complementar
iv) Ortopedia: reequilíbrio social
v) Construção de pensamento crítico
Conclusão: A ASC não responde apenas à revolução dos tempos livres, mas aposta nas problemáticas da transformação social na sociedade pós-industrial
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OS CAMPOS DA ANIMAÇÃO
Âmbitos:
i)Dimensão etária: infantil; juvenil; adultos; e terceira idade
ii) Espaço de intervenção: animação urbana; animação rural
iii)Áreas temáticas: educação; teatro; tempos livres; saúde; ambiente; turismo...
LISTA DE ÂMBITOS DA ASC (Lopes, 2008)
i)Animação cultural
ii)Animação teatral
iii)Animação dos tempos livres
iv)Animação sócio-laboral
v)Animação comunitária
vi)Animação rural
vii) Animação turística
viii)Animação terapêutica
ix)Animação termal
x)Animação desportiva (...)
Animação Infantil
*Objectivo central: complemento da escola pela via não formal
*Dimensão de intergeracionalidade
*Definição: conjunto de actividades de carácter lúdico, destinadas a crianças entre 8-13 anos, desenvolvidas independentes ou articuladas com a educação formal
*Princípios: criatividade / componente lúdica / actividade / socialização / liberdade / participação
Animação Juvenil
*Razões: importância do grupo de pares e sentido de pertença
*Quadro de referências: liberdade / sentido de associativismo / participação activa / voluntariado social
*Objectivos globais:
- perspectiva educativa da animação
- fomento de aprendizagens diversas associativas
- desenvolvimento de interacção e interrelação
- concretização triangular: social, cultural, educativa
Animação de Adultos
i)Importância do tempo de trabalho no adulto
ii)Princípios:
- meio de reflexão e de consciencialização
- fomento da acção crítica
- acções de educação não-formal vívidas
- potência do voluntarido e da participação
- iniciativas geradoras da cultura democrática
- promoção do turismo de animação
iii)Linhas de intervenção:
- educação sócio-laboral
- educação para a cidadania activa
- formação para o desenvolvimento pessoal/social
- educação para a saúde
- educação para o tempo livre e de ócio
Animação na 3ª idade
i)Premência da gerontologia educativa / animadores geriátricos
ii)Conceito de ASC na 3ª idade: resposta a uma ausência ou diminuição da sua actividade e das suas relações sociais... que trata de favorecer a emergência de uma vida centrada à volta do indivíduo ou do grupo (Elizasu, 2001)
iii)Ramos especializados:
- animação estimulativa
- animação ao domicílio
- animação institucional
- animação turística
Importância da ASC na 3ª Idade
i)Contextos de sabedoria dos idosos: família; comunidade; intergeracionalidade
ii)Acções directas dos idosos na ASC:
- animadores voluntários
- contadores de histórias
- promotores de voluntariado
- pedagogos da vida
- preparadores da vida
iii)A ASC para a 3ª idade constitui um dos âmbitos mais promissores para o futuro da ASC, cuja estratégia será: não dar mais anos à vida, mas sim dar mais vida aos anos (Ventosa, 2004)
Campos da ASC (Quintana Cabanas, 1992)
i)Grupos Naturais: famílias; jovens; terceira idade...
ii)Colectivos organizados: associações; grupos de pais...
iii)Grupos marginados: desempregados; deficientes; toxicodependentes; reclusos...
iv)Grupos emergentes: ecologistas; consumidores; moradores; sindicatos
Âmbitos dos programas de ASC (Merino Fernandez, 1997)
i)Cultural
ii)Comunitário
iii)Ócio
iv)Formativo-profissional
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DE ANIMAÇÃO SOCIO-CULTURAL / COMUNITÁRIA
Encaramos a Animação Comunitária (AC) como uma forma de acção sócio-pedagógica que visa a
transformação social, o desenvolvimento, através da participação. Assim sendo, e enquanto forma de acção, a AC apresenta-se como um conjunto de métodos e técnicas específicos. Nesta perspectiva surge-nos como uma tecnologia social que tem a sua fundamentação nas diferentes Ciências Sociais.
Miguel Badesa
A animação sócio-cultural é um método de intervenção, com acções de prática social, dirigidas e
destinadas a animar, ajudar, dar vida, pôr em relação os indivíduos e a sociedade em geral, com uma adequada tecnologia, e mediante a utilização de instrumentos que potenciem o esforço e a participação social e cultural.
Ander-Egg
Designa um conjunto de acções destinado a gerar processos de participação das pessoas tendentes à dinamização do corpo social. (…) Uma técnica sócio-pedagógica que se propõe uma acção de estímulo, mobilização e organização de indivíduos, grupos e colectivos, tendente a criar uma dinamização do tecido social. (…) A Animação Sócio-cultural é uma tecnologia social que, baseada numa pedagogia participativa, tem por finalidade actuar em diferentes âmbitos da qualidade de vida, promovendo, estimulando e canalizando a participação das pessoas para que alcancem o seu próprio desenvolvimento sócio-cultural.
Lopes
A Animação comunitária é um âmbito da Animação sócio-cultural que assenta a sua estratégia na
promoção e apoio a organizações de base empenhadas no desenvolvimento comunitário, com a
preocupação central de fortalecer o tecido social, mediante a participação individual e colectiva,
processada através de organizações capazes de dar respostas a problemas e necessidades da sociedade.
Besnard
A animação apareceu como um fenómeno não essencial, umas vezes compensador, regulador,
catalizador, reduzindo a obsolescência cultural, renovando aqui os comportamentos, as atitudes,
permitindo a adaptação e a autonomia: a animação é a resposta social que o sistema situa para certas necessidades específicas que a sua evolução apresenta.
Fundação para o Desenvolvimento Cultural
A animação pode definir-se como um estímulo mental, físico e emotivo que, num sector determinado, incita as pessoas a iniciar uma gama de experiências que lhes permite expandir-se e expressar sua personalidade, e desenvolver nelas o sentimento de pertença a uma comunidade sobre a qual podem exercer certa influência.
Weisgerber
A animação sócio-cultural é um elemento técnico que permite ajudar os indivíduos a tomar consciência dos seus problemas e das suas necessidades, e a entrar em comunicação a fim de resolver colectivamente esses problemas.
UNESCO
Um conjunto de práticas sociais que tem como finalidade estimular a iniciativa e a participação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento, e na dinâmica global da vida sócio-política em que estão integradas.
Imhof
Designa-se por animação toda a acção sobre um grupo, uma colectividade ou um meio, que tende a desenvolver a comunicação e estruturar a vida social, recorrendo a métodos semi-directivos; isto é, um método de integração e de participação.
Valle
A animação sócio-cultural é uma acção tendente a criar o dinamismo social onde este não existe,
favorecendo a acção cultural e comunitária, orientando as suas actividades com vista à mudança social.
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ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO
CURSO DE EDUCAÇÃO SOCIAL – 1.º CICLO (diurno) |
FICHA
Unidade Curricular: Animação Comunitária
Área Científica: Educação Social
Ano Lectivo: 2009-2010 / Ano: 2º / Semestre: 1º
Créditos ECTS: 4 / Distribuída: com exame final
Tempo Horas Contacto: 16TP; 28 PL; 4OT / Tempo Trabalho Total (horas): 112
Professor responsável: Helder Faustino Raimundo (gabinete 88)
Resumo descritivo
A animação comunitária pode ser definida como uma metodologia de acção sócio-educativa que visa o desenvolvimento pessoal e colectivo de indivíduos, grupos e comunidades, por via de políticas e dinâmicas de participação social. Enquanto instrumento educativo, a animação comunitária apresenta-se como um conjunto estruturado de métodos e técnicas indispensáveis ao trabalho do educador.
Competências a desenvolver
Instrumentais:
Identificar, conhecer e utilizar recursos e redes de apoio
Diagnosticar necessidades, problemas e projectos de animação
Gerir programas, projectos e actividades de animação
Interpessoais:
Facilitar a interacção grupal
Aceitar e valorizar a diversidade
Desenvolver expressão e comunicação interpessoal
Desenvolver autonomia, criatividade e participação
Sistémicas:
Desenvolver capacidades de liderança e de gestão de conflitos
Trabalhar de forma autónoma, articulada e sistemática
Usar estratégias de concertação e de mediação adequadas aos contextos
Conteúdos Programáticos
a) Fundamentos da Animação Comunitária:
Historial e conceitos da animação; diversos campos da animação; a animação comunitária e a educação nos diferentes contextos.
b) Métodos, técnicas e instrumentos da animação comunitária:
Expressão corporal, integração e dinâmica de grupo; jogos pedagógico-educativos; role-play, simulações e dramatização educativa; oficinas de técnicas de teatro do oprimido.
c) O projecto na animação comunitária:
Metodologia de projecto na animação; programas, projectos e actividades de animação comunitária em contextos diversos; perfil e deontologia do animador.
Estratégias / Métodos de Ensino-aprendizagem
Aulas teóricas de exposição, discussão e debate
Nota: nas aulas práticas os alunos deverão utilizar roupa e calçado adequado, evitando objectos de adorno pessoal.
Resultados esperados de aprendizagem
Saber mobilizar as diversas concepções do campo da animação
Conhecer e saber aplicar os diversos métodos, técnicas e instrumentos da animação comunitária
Saber usar estratégias de animação adequadas a cada contexto concreto
Conhecer e demonstrar competências no desenvolvimento de projectos de animação
Ter uma acção educativa deontológica enquanto animador
Métodos de avaliação
a) Teste de frequência, com a ponderação de 25%;
b) Trabalho de grupo (
c) Avaliação contínua individual com a ponderação de 25%.
Nota: aconselha-se a leitura do Regulamento Geral de Avaliação da Universidade do Algarve.
Bibliografia básica
Ander-Egg, E. (1989). La Animación y los Animadores. Madrid: Narcea.
Besnard, P. (1990). El Animador Sociocultural. Valencia: Grup Dissabte.
Brandes, D. & Phillips, H. (1977). Manual de Jogos Educativos. Lisboa: Moraes Editores.
Lopes, M.S. (2008). Animação Sociocultural
Merino Fernández, J.V. (1997). Programas de Animación Sociocultural. Tres instrumentos para su diseño y evaluación. Madrid. Narcea.
Quintana Cabanas, J.M. (1992). Fundamentos de Animación Sociocultural. Madrid: Narcea.
Soares, P. (2008). Animação Cidadã para a Acção Solidária. S. Brás: In Loco.
Vários (1995). Animação Comunitária. Porto: Edições Asa.
Fonte Web
http://www.apdasc.com/pt/ (Associação para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural)