domingo, abril 24, 2005

Casamento do mesmo género

Não gostaria de deixar de falar da aprovação, pelo parlamento espanhol, da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo género. Falo em género, uma expressão mais moderna e menos discriminatória – hoje usada nas ciências sociais -, para colocar o acento tónico na personalidade e não só no elemento biológico de diferenciação (o sexo). Elemento este que é usado, quase sempre, pelos opositores da igualdade de direitos no casamento entre pessoas do mesmo género, para contrariar um simples contrato civil de conjugalidade. A Espanha, prova que caminha para uma sociedade cada vez mais moderna e civilizada, na qual se respeita a escolha e orientação sexuais dos cidadãos, sem coarctar as suas opções de vida. Em Portugal, ainda estamos na discussão sobre se se descriminaliza ou não a interrupção voluntária da gravidez, se os medicamentos sem receita médica se poderão vender fora do monopólio das farmácias, se os empresários devem ou não pagar as dívidas ao fisco e à segurança social. Um atraso que se acentua cada vez mais devido, em parte, às hesitações de um socialismo envergonhado e ainda tão marcado por um falso laicismo no poder de estado.
A propósito, aconselho a leitura dos interessantes posts do meu colega Miguel Vale de Almeida.

sábado, abril 02, 2005

A obra poética do ensino "superior"

A minha Escola, a Escola Superior de Educação de Faro, organizou um mural de homenagem ao poeta Eugénio de Andrade para comemorar o Dia Mundial da Poesia. Fê-lo no passado dia 31 de Março, já que no dia 21, o Dia, o tempo era de férias escolares. Coincidência, ou não, tinha acabado de escrever uma crónica sobre Eugénio, a propósito da edição de um livro em sua homenagem, que foi publicada em «A Voz de Loulé» de 15 de Março. Lá entreguei, à presidente do Conselho Pedagógico, uma fotocópia do jornal com a crónica, para ser afixada no mural. No próprio dia 31 de Março não a vi no mural afixado na entrada da Escola. Dando a volta pelos corredores, lá a vi colada noutro mural. Era a única contribuição, ainda presente, no papel cenário colocado na parede. A única, não! Por baixo do meu nome, a que se seguia a designação de professor da mesma escola, estava grafitado um desenho de um daqueles bonecos olherudos e de nariz espevitado, pintado a verde lagarto. No risco horizontal da boca, uma língua saía, provocante e desafiadora. Não sei quem deu este contributo poético tão característico do ensino “superior”.