quinta-feira, fevereiro 15, 2007

1ºEIC: S. Agentes e Processos - Programa

INTRODUÇÃO
A Educação e Intervenção Comunitária é uma das diversas formas de educação e está vocacionada para o desenvolvimento de acções educativas, normalmente em contextos não formais. Por isso, envolve um posicionamento científico e prático que toma como ponto de partida os saberes locais de cada comunidade, procurando a partir daí desenvolver processos de educação participados. O seu fim é o de promover a real participação das populações, sobretudo as mais carenciadas, para que estas assumam, progressivamente, o seu papel de actores na melhoria das suas condições de vida.
Ao educador comunitário pede-se um conjunto de conhecimentos científicos, os quais devem ir a par com as competências necessárias ao saber-fazer na comunidade, seja ela qual for. A isto devemos juntar, indispensavelmente, as atitudes e os valores consentâneos com uma visão de técnicos e pessoas, que sejam cidadãos de corpo inteiro, activos, democráticos, solidários. Só assim será possível ao educador, fazer da sua actividade um exemplo, para todos aqueles com que se relaciona, de modo a que a sua actividade educativa tenha um sentido pleno de cidadania e mudança social.
De acordo com o que se refere, os conteúdos procuram uma abordagem ao conjunto de agentes - colectivos e individuais – que no terreno desenvolvem acções sócio-educativas de cariz comunitário. Neste campo, assume uma importância decisiva o perfil de competência do educador comunitário, como profissional adequado a esta prática. Por outro lado pretende-se conhecer os processos de intervenção educativa desses agentes e seus contributos para o campo teórico-prático da educação comunitária. Cabe a Paulo Freire - grande pedagogo de língua portuguesa - um dos contributos principais no quadro teórico, que influencia a educação na sua globalidade. Daí que a sua obra maior Pedagogia do Oprimido seja estudada com o relevo adequado.
Por fim, desejo a todos um bom trabalho nesta disciplina.

I – OBJECTIVOS GERAIS
1. Reflectir sobre o papel da educação e dos educadores na sociedade actual, segundo a perspectiva de Paulo Freire;
2. Conhecer os principais agentes individuais e colectivos da educação/formação não-formal de adultos;
3. Valorizar o papel do educador comunitário na acção educativa de mudança;
4. Reconhecer a diversidade de processos educativos não-formais de adultos em diversos contextos.
5. Reflectir sobre os principais fundamentos, objectivos e características dos processos educativos com adultos;
6. Incrementar o conhecimento sobre práticas da educação comunitária em Portugal.

II – COMPETÊNCIAS A DESENVOLVER
A avaliação positiva é determinada pela demonstração do seguinte tipo de competências:
Instrumentais
-Mostrar, na prática, algumas competências mínimas do educador comunitário;
-Conhecer os princípios básicos da educação comunitária, bem como os processos inerentes aos agentes educativos;
-Saber caracterizar os agentes individuais e colectivos da educação comunitária.
Interpessoais
-Demonstrar solidariedade, espírito de grupo e correcção no trabalho em sala e no campo.
Sistémicas
-Saber utilizar conteúdos de outras disciplinas, de forma crítica;
-Entender as bases da pedagogia de Paulo Freire.

III – CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
1. Os agentes da educação e/ou formação não-formal de adultos:
1.1. A educação como processo de “conscientização” e desenvolvimento do ser mais.
1.2. A educação como processo de libertação individual e colectiva e de mudança social.
1.3. Os agentes individuais na educação social.
1.4. O papel dos educadores comunitários.
1.5. Os agentes colectivos na educação social.
1.6. Tipologias e características dos agentes colectivos.
2. Processos de educação e/ou formação não-formal de adultos:
2.1. A diversidade de comunidades e contextos dos processos educativos.
2.2. Fundamentos dos processos de intervenção educativa.
Conteúdo transversal: Exemplos de processos educativos desenvolvidos por agentes individuais e colectivos em contextos diferenciados.

IV –ESTRATÉGIAS E METODOLOGIAS
As aulas da disciplina decorrerão de acordo com uma metodologia dialógica – característica do seminário ­-, em que se privilegia o diálogo e o debate entre docente e alunos, desenvolvendo, concomitantemente, uma interacção grupal entre estes. Parte-se do pressuposto de que o sistema de ensino/aprendizagem é permanente, interactivo e construído progressivamente entre docente e alunos, em sala e fora dela. Por isso as aulas serão vocacionadas para a exposição, reflexão e debate crítico de ideias, bem como para o desenvolvimento de actividades individuais e grupais de aprofundamento e aplicação das competências. Pretende-se, ainda, apresentar experiências concretas de processos de educação comunitária, com recurso a convidados externos. Por outro lado os alunos devem desenvolver contactos exploratórios com o meio exógeno, no quadro dos conteúdos da disciplina. Serão valorizados todos os processos de construção de conhecimento dos alunos, realizados em actividades extra-escolares e em sistema de auto-formação.

V – CALENDARIZAÇÃO
Aulas: 5ªs feiras das 14 às 18h na sala 95
VI – AVALIAÇÃO
Atendendo às características da disciplina (sem exame), o sistema de avaliação deve integrar dimensões pessoais e grupais, bem como formas quantitativas e qualitativas de avaliação. Assim serão considerados os seguintes parâmetros e percentuais de avaliação para a nota final:
1. Presença, participação e empenho nas tarefas das aulas e/ou desempenho em auto-formação e contacto (os trabalhadores-estudantes regem-se de acordo com o seu estatuto) – 50%;
2.Trabalho de grupo I (mínimo 3, máximo 5 alunos): produção de um catálogo de agentes individuais e colectivos de educação não-formal; inclui resumo de enquadramento teórico até um máximo de 1000 palavras (ver Normas de Citação de Trabalhos Académicos) – 25%;
3.Trabalho de grupo II (mínimo 3, máximo 5 alunos): análise crítica de um projecto ou de um programa de acção de natureza sócio-educativa ou de animação sócio-cultural, de uma organização ou de uma associação não-governamental. O trabalho escrito deve ter um máximo de 3000 palavras e será ponderado com 50% da nota (ver Normas de Citação); o trabalho será apresentado na turma e avaliado com uma ponderação de 50% – 25%.
Nota:
As datas de entrega e de apresentação dos trabalhos devem ser respeitadas, sob pena de penalização na pontuação. Os aspectos referentes à situação de cada trabalho devem ser negociados com o docente, no período de atendimento no Gab. 88. Os trabalhos podem ser entregues na aula, no gabinete referido ou deixados no cacifo 47. Privilegia-se o contacto via Email.

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