sábado, fevereiro 05, 2005

As estratégias de resistência nas comunidades

Os nossos alunos do 4º ano estão a iniciar agora as teses finais de licenciatura, a que antes chamámos monografias e que agora se designam de investigações. A propósito desse passo delicado e final - em que os alunos se confrontam com muitos estereótipos sobre as desgraças das comunidades, quase sempre veiculadas por posições amedrontadas -, lembro que é preciso dar atenção às estratégias de sobrevivência nas pequenas comunidades rurais ou piscatórias. E por isso mesmo, recordo aqui a conversa que tivemos com duas alunas, quando lá cumpri o ingrato papel de arguente na defesa de uma monografia do 4º ano de EIC, sobre a comunidade piscatória de Monte Gordo/Vila Real de Sto. António. O problema chave era o da inevitabilidade, ou não, do declínio das pescas na comunidade, em que se centravam duas opiniões: a primeira, das entidades públicas ou académicas – que referiam ser apenas um processo cíclico, como outros, noutras comunidades e noutros tempos históricos; a segunda, dos pescadores – que afirmavam a morte da actividade pesqueira a breve trecho. Claro que me parece ser a primeira ideia, uma ideia a considerar, fenómeno que não é avesso a processos idênticos nas comunidades rurais. De qualquer modo, a visão dos pescadores é uma visão de catástrofe, - como aliás deve ser, dado o impacto sobre as suas vidas – que pressiona o poder político a agir em defesa das pescas nacionais, num mundo cada vez mais globalizado [onde as águas também o são]. E mostra que eles estão atentos, como estiveram noutras ocasiões históricas, sabendo encontrar para o problema, as estratégias mais adequadas. Nos anos 60 viajaram até à costa barlaventina, sobretudo até à Meia Praia, em Lagos, ocupando um território e criando uma comunidade que ficou conhecida como “Os índios da Meia Praia”; depois do 25 de Abril de 74, com a construção de um bairro de casas de alvenaria, na época do boom turístico, passaram a arrendar sazonalmente as suas habitações, como forma de complemento económico da faina do mar. E agora? Agora, encontrarão outras respostas!!